Como a leitura transforma o cérebro: o “treinamento cognitivo” que a ciência confirma

Estudos mostram que o ato de ler reorganiza o cérebro, fortalece conexões neurais e amplia empatia e foco, um verdadeiro exercício para a mente.

CULTURA

Por Redação InfoDot

10/24/20253 min read

Ler é muito mais do que absorver palavras, é um processo capaz de reconfigurar o cérebro humano. Embora a leitura seja uma invenção recente, quando levamos em consideração a história da humanidade, o cérebro se mostra incrivelmente adaptável, transformando circuitos evolutivos destinados a outras funções em estruturas especializadas na decodificação de símbolos, sons e significados.

Segundo o neurocientista Stanislas Dehaene, esse processo é chamado de “reciclagem neuronal”, e ocorre principalmente na infância. É quando o cérebro cria uma pequena, mas poderosa área no córtex visual, conhecida como “Caixa de Letras”, que permite reconhecer palavras quase instantaneamente, como se o cérebro tivesse desenvolvido seu próprio alfabeto interno.

A engrenagem da compreensão

A leitura envolve uma coreografia cerebral complexa. Três regiões principais trabalham em sintonia: o córtex visual, responsável por reconhecer as palavras; o lobo parietal, que as associa aos sons; e o lobo temporal, que decifra seus significados. Essa rede neural é o que possibilita transformar símbolos em ideias e é a base da compreensão leitora.

Leitura profunda: o antídoto contra a distração digital

Em tempos de notificações e telas infinitas, a chamada “leitura profunda” de textos longos, densos e reflexivos tornou-se uma habilidade rara e poderosa. Diferente da navegação superficial da internet, ela fortalece o foco, a atenção e a capacidade de pensamento crítico, funcionando como um treino mental para resistir à dispersão.

Ficção e empatia: quando o cérebro vive outras vidas

A leitura de ficção ativa uma habilidade cognitiva conhecida como Teoria da Mente. A capacidade de entender pensamentos e emoções alheias. Ao acompanhar personagens complexos, o leitor exercita empatia e desenvolve uma compreensão mais refinada das intenções humanas. Ler histórias, portanto, também é um ato de se tornar mais humano.

Reserva cognitiva: um escudo contra o tempo

Pesquisas mostram que o hábito da leitura cria uma reserva cognitiva, um conjunto de conexões neurais que ajudam o cérebro a compensar perdas relacionadas ao envelhecimento e até a resistir a doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Ler é, literalmente, uma forma de proteger a mente contra o declínio.

A poesia e o despertar emocional

Mesmo formas breves e simbólicas, como a poesia, têm efeitos profundos. Estudos indicam que versos e metáforas ativam áreas cerebrais ligadas à introspecção e ao processamento emocional, como o córtex cingulado posterior e o pré-frontal medial. Ler poesia, portanto, é um exercício de emoção e autoconhecimento.

A leitura é, ao mesmo tempo, treino, terapia e descoberta.
Mas, diante de tantas distrações digitais, fica a pergunta:
você tem dedicado algum tempo à leitura?

Este artigo foi inspirado em um conteúdo da BBC News Brasil

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