Morar com os pais está custando caro: o impacto de US$ 12 bi da Geração Z

Relatório da Oxford Economics aponta cenário pessimista, com redução drástica de gastos dos jovens em moradia, transporte e alimentação.

MERCADOECONOMIA

Por Redação InfoDot

11/21/20254 min read

A independência financeira é o sonho de todo jovem adulto, mas a realidade econômica atual transformou esse desejo em uma miragem distante para milhões. Essa incapacidade de voar sozinho não frustra apenas as famílias, pois acaba gerando um impacto sísmico nas finanças globais segundo novos dados.

Uma análise detalhada realizada pela Oxford Economics aponta que a Geração Z enfrenta um cenário desolador, caracterizado por um mercado de trabalho estagnado e custos de vida proibitivos. O estudo, sugestivamente intitulado As coisas não vão bem com os jovens, destaca que o fato de essa demografia permanecer sob o teto dos pais resulta em uma perda anual de consumo estimada em US$ 12 bilhões. Esse montante deixa de circular em setores cruciais, como habitação, alimentação e transporte, criando um efeito cascata negativo na economia.

As raízes desse problema estão profundamente fixadas na dificuldade de acesso ao primeiro emprego. Desde o ano de 2022, a taxa de contratação vem despencando e atingiu o patamar preocupante de 3,2%, um número que remete aos piores momentos da pandemia de covid e fica muito aquém da média histórica. A economista associada Grace Zwemmer é enfática ao descrever a gravidade da situação para quem está começando:

Para os jovens trabalhadores, o estado do mercado de trabalho é a peça mais importante do quebra cabeça para determinar a saúde econômica geral, já que esses indivíduos ainda não tiveram a oportunidade de acumular riqueza”, afirma Zwemmer no relatório.

A especialista ressalta ainda que a fragilidade nas contratações deixa marcas profundas. “Jovens trabalhadores são mais vulneráveis a recessões, e um mercado de trabalho fraco pode ter impacto negativo duradouro no crescimento salarial e no potencial de ganhos.”

Para os candidatos situados na faixa etária da geração Z, atualmente entre 13 e 28 anos, as barreiras são múltiplas e o desemprego atinge níveis muito superiores aos do restante da população. Enquanto a média nacional nos EUA oscila em torno de 4%, os adolescentes de 16 a 19 anos amargam uma taxa de 14%. Já para o grupo de 19 a 24 anos, o índice gira em torno de 9%, demonstrando a disparidade enfrentada pelos menos experientes.

Ao investigar as causas desse desemprego em 2025, identificam se três grupos principais, recém formados sem oportunidades, trabalhadores dispensados e aqueles que perderam vagas temporárias. Zwemmer observa que, em tempos de retração, “quando as condições do mercado de trabalho pioram, os jovens são geralmente os primeiros a serem dispensados”.

Além da falta de vagas, existe a impossibilidade de movimentação. Em tempos normais, pular de um emprego para outro é a estratégia mais eficaz para aumentar a renda inicial, mas essa porta está fechada. A economista explica a dinâmica quebrada deste ciclo:

Normalmente, trabalhadores jovens se beneficiam de um crescimento salarial acima da média no início da carreira, já que o aprendizado rápido de novas habilidades ajuda nas promoções, e a maior mobilidade permite trocar de empregador para obter aumentos mais expressivos em menos tempo”, diz ela, completando com o cenário atual, “Mas isso não está acontecendo neste ciclo. Ao contrário, a mobilidade ascendente estagnou, e o crescimento salarial caiu com mais força entre os trabalhadores de 16 a 24 anos.”

Essa conjuntura obriga a Geração Z a adiar marcos importantes da vida adulta. Sem estabilidade, pagar aluguel ou arcar com as compras de supermercado torna se inviável. O levantamento estima que, em comparação com o período pré pandemia, existe 1 milhão a mais de adultos entre 22 e 28 anos vivendo com os pais. É justamente essa mudança demográfica, corroborada por dados do Federal Reserve de Nova York, que gera o déficit de consumo bilionário citado anteriormente.

Apesar do pessimismo, a história oferece um precedente de recuperação. Os millennials enfrentaram obstáculos semelhantes durante a Grande Recessão, quando a porcentagem de jovens adultos morando com os pais saltou de 27% para 32%. Embora tenha sido um período difícil marcado por salários baixos e crédito restrito, a situação se reverteu com o tempo. Hoje, em 2025, 55% dessa geração já conquistou a casa própria, mesmo desafiando juros altos e preços recordes.

Contudo, até que o mercado volte a aquecer, a cautela impera entre os mais novos. O bem estar financeiro depende diretamente da percepção de oportunidade, algo que hoje está em falta.

Uma pior percepção das condições de trabalho, que para jovens adultos é o principal determinante do bem estar financeiro, está tornando essa geração mais pessimista e pode deixá la mais cautelosa com o consumo”, finaliza Zwemmer.

Será que estamos criando uma geração financeiramente traumatizada ou apenas vivendo um ciclo econômico que, eventualmente, se corrigirá?

2025 Fortune Media IP Limited

Leia mais...