

O futuro (nada remoto) segundo o fundador do Google
Eric Schmidt defende jornadas intensas e diz que os EUA deveriam se inspirar no modelo chinês 996 para não perder a corrida da IA.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIALTECNOLOGIA
Por Redação InfoDot
10/7/20253 min read


A discussão sobre o futuro do trabalho ganhou um novo capítulo, com uma dose de polêmica digna do Vale do Silício. Eric Schmidt, um dos fundadores do Google, afirmou que o trabalho remoto não é mais uma prioridade e defendeu um retorno à intensidade do modelo chinês “996”, em que profissionais trabalham das 9h às 21h, seis dias por semana.
A fala de Schmidt surge meses após seu antigo sócio, Sergey Brin, sugerir que o Google adote uma semana de 60 horas para competir na corrida da inteligência artificial. À época, a declaração gerou forte reação pública, mas agora, Schmidt vai ainda mais longe.
Para o ex-CEO da gigante de tecnologia, o home office é uma das maiores fraquezas da economia americana, especialmente quando comparado à disciplina e à competitividade das empresas chinesas. “As grandes empresas de tecnologia se tornaram frágeis”, afirmou.
Segundo Schmidt, a cultura do trabalho remoto enfraquece o aprendizado dos jovens profissionais, que deixam de ter acesso ao convívio e à troca de conhecimento natural dos escritórios. Ele cita sua própria experiência na Sun Microsystems como exemplo: “Aprendi muito apenas por estar ali, ouvindo discussões, observando meus chefes e perguntando aos colegas”.
Esses momentos informais, diz ele, se perdem nas videochamadas e bate-papos virtuais, o que compromete a formação das novas gerações de talentos.
Schmidt também critica a cultura corporativa do próprio Google, afirmando que a empresa “priorizou voltar para casa cedo e o trabalho remoto em vez de vencer”. Para ele, essa postura explica por que o Google estaria hoje atrás de concorrentes como OpenAI e Anthropic no campo da inteligência artificial.
O empresário considera que essa complacência cultural impacta diretamente na competitividade. Enquanto os Estados Unidos concentram esforços na busca pela “Superinteligência Artificial”, a China foca em aplicações práticas que podem definir o futuro da tecnologia global.
“Os americanos deveriam buscar orientação nos chineses”, reforça.
Em sua análise, a abordagem asiática, marcada por execução intensa, foco em produto e longas jornadas tende a gerar vantagens reais a longo prazo, mesmo diante das limitações impostas por sanções tecnológicas.
Para Schmidt, o escritório é, por si só, um trunfo competitivo: acelera decisões, estimula a mentoria, promove o alinhamento entre equipes e fortalece a cultura organizacional.
Sua conclusão é direta e incômoda: se o setor de tecnologia dos EUA quiser vencer, seus profissionais terão que sacrificar parte da vida pessoal.






