

Recarregue sua mente. Reinicie seu propósito.
Por que parar, refletir e respirar é uma escolha estratégica e vital
SAÚDECULTURA
Por Glaucia Cisotto
10/3/20253 min read


Quando foi a última vez que você fez uma pausa verdadeira, não para fugir, mas para se reencontrar, se reconectar?
Vivemos em um tempo em que o relógio nunca para. A tecnologia avança em ritmo exponencial, o fluxo de informações é constante, e o medo de ficar para trás (o famoso FOMO — fear of missing out) nos mantém em alerta permanente.
Mas será que produtividade significa nunca parar?
A neurociência, a psicologia organizacional e até a Logoterapia nos mostram o contrário:
É na pausa que o cérebro se reorganiza, a criatividade floresce e o sentido da vida e do trabalho se fortalece.
O cérebro precisa de silêncio
Segundo pesquisadores da Harvard Medical School, momentos de pausa ativam a chamada Default Mode Network (DMN), uma rede cerebral relacionada à consolidação da memória, à autorreflexão e à geração de novos insights.
Essa rede só entra em atividade quando estamos em repouso cognitivo, como em pausas, caminhadas leves ou até no banho. E é nesse estado que nascem as ideias mais criativas e as soluções inovadoras.
Estudos do MIT também apontam que pausas frequentes durante o trabalho melhoram o desempenho cognitivo em até 34%, comparado a ambientes de pressão contínua e foco ininterrupto (MIT Sloan Review, 2021).
Sem pausa, o cérebro não assimila. Ele apenas sobrevive.
A pausa como espaço de sentido
Viktor Frankl, médico psiquiatra e criador da Logoterapia, dizia:
“O ser humano não é destruído pelo sofrimento, mas pela falta de sentido.”
Hoje, podemos adaptar:
“Não é a aceleração que nos adoece. É a falta de propósito no meio da aceleração.”
A pausa é, nesse contexto, um ato existencial e espiritual.
É nela que revemos decisões, realinhamos o que nos move e nos perguntamos:
“Por que estou fazendo o que estou fazendo?”
Esse momento de consciência transforma tarefas em propósito, rotina em significado, pressão em clareza.
FOMO e a armadilha da aceleração constante
O FOMO nos leva a um comportamento compulsivo de conexão:
• Cursos acumulados sem aplicar,
• Notificações incessantes,
• Lives, reels e vídeos sem pausa para digestão.
Mas sem assimilação, não há aprendizado real.
A educação contínua (lifelong learning) exige pausas intencionais para refletir, praticar e integrar o conteúdo aprendido.
Segundo a Universidade de Stanford, profissionais que praticam ciclos de foco + pausa têm maior retenção de conhecimento e tomam decisões mais assertivas em ambientes de alta demanda cognitiva.
Tendências de mercado e a redescoberta da pausa
O relatório Workforce 2025, do Gartner, aponta que:
• 78% das organizações de alta performance estão redesenhando políticas de trabalho para incluir micro-pausas, reflexão e saúde emocional.
• Equipes que equilibram aceleração e pausas estratégicas apresentam:
o Redução de 28% nos índices de burnout,
o Aumento de 23% na qualidade das decisões,
o Melhora de 30% no engajamento com inovação.
Em outro estudo da Microsoft, o uso contínuo do Teams sem pausas elevou os níveis de estresse cerebral em até 37% ao longo do dia. Já pequenas pausas entre reuniões restauraram o foco e reduziram o estresse.
A produtividade do futuro é pausada. E inteligente.
Pausar é potência, não fraqueza!
Parar não é perder tempo.
É ganhar clareza, propósito e energia para continuar.
É no silêncio entre duas notas que a música acontece.
É na pausa entre dois projetos que o sentido do trabalho reaparece.
É no intervalo, não no excesso que a inovação respira.
Continuo acreditando na produtividade e nos avanços tecnológicos, mas acompanhando os respiros e avanços ao lado da humanidade.
Tecnologia de verdade ouve, respeita, entende ritmos e sabe que, sim, pausar também é progresso.






