

Accenture corta 11 mil empregos, mas amplia contratações em IA
Consultoria acelera transformação digital e dobra número de especialistas em inteligência artificial, que já somam 77 mil profissionais
INTELIGÊNCIA ARTIFICIALTECNOLOGIA
Por Redação InfoDot
10/13/20253 min read


A Accenture anunciou uma das maiores transformações de sua história recente. Nos últimos três meses, a consultoria em tecnologia demitiu cerca de 11 mil funcionários como parte de um plano de reestruturação global voltado à adoção acelerada da inteligência artificial (IA). O movimento, no entanto, vem acompanhado de uma expansão expressiva: o número de especialistas em IA e dados saltou de 40 mil para 77 mil em apenas um ano.
Mudança de estratégia
“Estamos demitindo pessoas para as quais a requalificação não é uma opção viável em um prazo reduzido”, explicou Julie Sweet, CEO da Accenture, em uma teleconferência com analistas. Segundo ela, o programa de otimização de negócios, que inclui as demissões, custará US$ 865 milhões (cerca de R$ 4,6 bilhões), principalmente em indenizações.
A força de trabalho global caiu de 791 mil para 779 mil funcionários. Ainda assim, a empresa afirma que pretende aumentar o quadro total no próximo ano fiscal em regiões como Estados Unidos e Europa, reforçando o foco na expansão de sua capacidade em IA.
“Nossa estratégia número um é o treinamento”
Ao mesmo tempo em que reduz posições tradicionais, a Accenture afirma estar investindo fortemente em requalificação. “Nossa estratégia número um é o treinamento”, destacou Sweet, observando que mais de 550 mil funcionários já foram treinados nos fundamentos da IA generativa. “O ritmo exigido por esta nova transformação não permite que todos esperem”, reconheceu.
IA impulsiona receita recorde
No último ano fiscal, a Accenture registrou receita de US$ 69,7 bilhões (cerca de R$ 372,5 bilhões), alta de 7% em relação ao período anterior. Segundo a empresa, a demanda por projetos de IA generativa foi o principal motor desse crescimento, com US$ 5,1 bilhões (R$ 27,2 bilhões) em novas contratações, ante US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) no ano anterior.
“Nosso investimento inicial em IA está dando resultado”, afirmou Sweet à CNBC, reforçando que a aposta em automação e dados é central para o novo posicionamento estratégico da consultoria.
Crescimento mais lento e ajustes de rota
Apesar do avanço, a Accenture projeta crescimento de receita menor, entre 2% e 5%, no atual ano fiscal. O cenário é afetado pela demanda fraca em projetos de curto prazo e pela redução nos gastos do governo dos EUA, que responde por cerca de 8% da receita da empresa. As ações da Accenture caíram 2,7% após o anúncio, atingindo o menor nível desde novembro de 2020.
Um movimento que ecoa entre as Big Techs
A decisão da Accenture reflete uma tendência mais ampla entre as grandes empresas de tecnologia. Microsoft, Meta e Klarna também têm substituído cargos tradicionais por especialistas em IA.
A Microsoft cortou milhares de posições em 2025, mas o CEO Satya Nadella afirmou que a força de trabalho total permanece “relativamente inalterada” devido às novas contratações na área de IA. Já a Meta demitiu cerca de 5% da equipe, mas reabriu várias dessas posições para profissionais de IA meses depois.
Nem todas, porém, conseguiram equilibrar a transição. A Klarna, por exemplo, acabou realocando engenheiros e profissionais de marketing para funções de atendimento ao cliente, segundo revelou o Business Insider.
O que vem a seguir
A Accenture estima economizar mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) com a reestruturação, valor que será reinvestido em inovação e qualificação da força de trabalho.
“Todos os CEOs e conselhos de administração reconhecem que a IA avançada é fundamental para o futuro. O desafio agora é que a maioria das empresas ainda não está pronta para a IA”, observou Sweet.






